O que é “despertar”, afinal?

Vivemos neste planeta e usamos os nossos cinco sentidos básicos para ter experiências e descobrir o mundo. Nascemos, aprendemos as tarefas básicas para sobrevivermos, regras de convivência, vamos para a escola. Ensinam-nos as mais diversas matérias, trabalhamos para pagar as nossas contas, unimo-nos a alguém para constituir família e nos divertimos eventualmente, tocamos a vida.

Esse é o script básico da vida da maioria das pessoas. Com algumas variantes, é isso que a sociedade espera de nós. Mas até que ponto seguir esse cronograma nos realiza? 

Ainda que realmente sejamos muito satisfeitos com o nosso trabalho, nossa família e as eventuais diversões, será que a vida é só isso? Será que é só continuar assim, nesse ritmo, fazendo essas mesmas coisas, até o fim do nosso tempo e está ok, missão cumprida? Será que estamos nesse mundo a passeio, que devemos aproveitar ao máximo e, ao final, “partiu” e pronto?

Sim, aquela máxima faz todo o sentido: “ou se acredita que milagres não existem, ou se acredita que tudo é um milagre.”

Ora, não há como se olhar ao redor conscientemente e não se maravilhar com o que é a existência. É tudo um milagre, sem sombra de dúvidas! Há uma força maior regendo isso tudo, não há como negar. Ainda que nos levem a crer na “normalidade” de tudo isso, na “mediocridade” de se viver, basta abrirmos um pouquinho o nosso coração para sentirmos o amor pairando no ar. Sim, a força que promove a vida é muito amorosa.

Este não é um texto sobre religião. É sobre enxergarmos a grandeza de estarmos vivos. É sobre irmos além. É sobre despertamos.

Há muitos mistérios que envolvem a nossa existência: as dinâmicas dos relacionamentos pessoais e familiares; o que influi na escolha – ou na falta de escolha – da nossa profissão; o propósito da vida de cada um; a abundância ou a escassez que nos rodeia; o que nos faz evoluir; a lei do retorno e a lei da atração; o que atrai essa ou aquela pessoa na nossa vida; o que atrai esse ou aquele acontecimento; o que nos faz ter certas características e determinados comportamentos; por que há coisas que, por mais que nos esforçamos, não conseguimos modificar.

Não há como ficarmos inertes diante de tantas possibilidades, diante de tantos mistérios a desvendar. Despertar é isso: olhar além do cotidiano, além do ordinário, além das “coisas de sempre”. É sair da automaticidade, dar um respiro em meio à rotina frenética, permitir-se sentir a existência, experimentar novos pontos de vista.

Porque ainda que você seja um doutor universitário em determinado tema, o conhecimento científico é só uma pequena parte do é a existência. Uma fatia do bolo. Há muito mais a explorar, há muito mais a descobrir, e nos mais variados âmbitos.

Ainda que você seja um excelente profissional, que domine plenamente a sua área de conhecimento, essa sabedoria técnica é apenas uma pequena porcentagem do que você é capaz, do que é a vida. Não se contente só com isso. Você não é tão limitado assim.

Há tanto potencial dentro de si, há tanto potencial dentro de todos, que não há tempo a perder. Só precisamos nos permitir. Precisamos nos abrir para outras possibilidades.

Despertamos quando nos dispomos a desvendar o mistério da existência. Quando buscamos mais do que uma vida mediana. Quando nos permitirmos ir além dos prazeres mundanos. Quando compreendemos que bem viver é ainda mais do que “tudo dar certo”. É quando olhamos ao redor, quando buscamos entender o que se passa com o outro, quando, mais do que isso, passamos a olhar o que se passa dentro de nós, quando começamos a nos sentir parte de um todo maior, de uma força grandiosa e dinâmica que a todos inclui.

E, para começar, basta fechar os olhos. Respirar fundo. Permitir-se sentir, profundamente. Permitir-se se autoconhecer. Permitir-se buscar. Permitir-se reconhecer a grandiosidade de estar vivo. Permitir-se se ver como uma parte do todo. Permitir-se sentir sagrado. Permitir-se ir além.

Porque colaboramos para um mundo melhor quando nos trabalhamos internamente, quando nos curamos, quando aceitamos o amor como guia interior. Quando saímos da cabeça e vamos para o coração.

Quando compreendemos que, mais que conquistar o mundo, precisamos conquistar a nós mesmos…