Você pode até nunca ter ouvido falar das “Terras Altas da Escócia”, mas certamente já viu seus deslumbrantes cenários em alguns dos filmes que a escolheram como personagem. Esse foi o caso de “Coração Valente”, “Highlanders”, “Stardust”, “O Código da Vinci” e “O Senhor dos Anéis”, entre outros. Nenhuma paisagem poderia compor melhor o ambiente de solidão, de magia e de paixão para ambientar sagas que mesclam o real e o imaginário, o maldito e o sagrado, a vida e a morte.

Quem vai para as Highlands, antes de explorar suas montanhas e vales, cachoeiras ou lagos, explora seus próprios desejos e temores; suas angústias e motivações. E num horizonte sem fim, entre o fog, a chuva e seus ventos constantes, conhecerá seus próprios limites.

A viagem interior se inicia já nos primeiros quilômetros de estradas estreitas e íngremes, atrevidamente construídas em meio à natureza hostil do lugar. Numa paisagem onde o que menos faz sentido é a presença humana, arco-íris, ovelhas, o gado peludo típico, corvos e alces se perdem na bruma que encobre o topo de montanhas nevadas, à mercê do clima.

Quase não se vê casas ou paradas pelo caminho; a impressão que se tem é que é um lugar de ninguém, ou daqueles que por alguma razão, preferiram se refugiar da vida. Ruínas de igrejas e de castelos, campos de batalha e monumentos aos heróis escoceses, o Rei Robert, The Bruce, e o guerreiro William Wallace, resistem ao tempo, (que parece não existir nas Highlands), relembrando a sangrenta história do País. Entretanto, há pequenos vilarejos entre um vale e outro, com as famosas “guest houses” e restaurantes de comidas típicas, que servem o “Black Pudding”, feito de sangue de ovelha e o “Haggis”, feito das vísceras do pobre animal.

Entre os locais mais visitados das terras altas estão Inverness, imortalizada pela lenda de Nessie, o monstro pré-histórico que dizem habitar o lago Ness. À beira do lago, compões o cenário onírico o Castelo de Urquhart, que pertenceu ao rei Robert, o Bruce e teve um papel determinante durante as lutas pela independência da Escócia.

Também a região montanhosa de Glencoe e a Ilha de Skye, por sua autenticidade e vida rústica, animais exóticos e suas paisagens surreais e fantasmagóricas, atrai viajantes de todo mundo. O pequenino vilarejo de Portree, mesmo com poucas lojas, restaurantes (o delicioso Café Arriba é uma ótima opção!) e guest houses, é considerado a “Capital” de Skye.

Um lugar absolutamente imperdível é o “Fairy Valley”, que fica próximo a Portree. Trata-se de um vale cuja paisagem é completamente peculiar, onde pequeninas montanhas de todos os formatos e com uma grama espessa, circundadas por pequenas muralhas e rochas dispersas, lagos e cachoeiras, se escondem em meio a uma bruma densa que camufla ovelhas e pássaros, numa atmosfera própria mesmo de mundo da fantasia. Não à toa, muitas das cenas do filme de feitiçaria “Stardust” foram feitas ali!

Num lugar onde nem as árvores resistem ao clima, os escoceses encontram nos pubs o calor que necessitam para enfrentar as adversidades. O uísque é parte fundamental da cultura do povo e os pubs são o templo em que eles cultuam seus costumes. As gaitas de fole ainda são tocadas por muitos músicos e bandas; os kilts são usados em ocasiões especiais (sem nada por baixo, diz a lenda!); a culinária é baseada na carne de carneiro e muita pimenta… Aliás, haja pimenta e uísque para compensarem o frio (e as pernas de fora) nas Highlands!

O povo escocês é muito místico também. Difícil de acreditar, porque a Escócia é primeiro mundo e teoricamente, onde há informação, não há superstição; mas tendo tido contato com pessoas educadas e bem informadas descobri que acreditam de verdade em bruxas, demônios, fadas e no Monstro do Lago Ness! E o estranho é que, após ter passado pelas Highlands, com suas paisagens surreais e que contestam a lógica, o universo da razão pareceu diminuir um pouco para mim também e posso dizer, mesmo sem ter degustado uma única dose do uísque de suas incontáveis destilarias, que aquela é uma terra com dose dupla de magia!






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