Sempre fui fascinada pelo tema “Liderança”, esta incrível capacidade de inspirar e mobilizar pessoas. Sempre me fascinou também acompanhar como as mudanças na sociedade, nos comportamentos, nos mercados e nas tecnologias provocam adaptações nos modelos de liderança e exigem que novas habilidades sejam desenvolvidas ou aperfeiçoadas. Veio, então, a ideia de escrever sobre como a crise ética e moral que vivemos hoje vem impactando o papel dos líderes nas empresas.

Em tempos de incerteza e mudanças, o maior impacto, sem dúvida, é no nível de confiança das pessoas. Nesses momentos, a capacidade de construir confiança torna-se ainda mais prioritária para qualquer líder. E confiança não é algo que venha junto com o pacote de benefícios de um líder; ela precisa ser conquistada. E esta conquista requer tempo, esforço e persistência.

Líderes que inspiram confiança trazem mais motivação, lealdade, inovação e produtividade. Níveis de confiança baixos costumar impactar diretamente os resultados de uma organização; afinal, quanto mais baixo o nível de confiança, mais lenta a tomada de decisões e mais altos podem ser os custos envolvidos.

A construção de confiança envolve aspectos pessoais e competências técnicas. A confiança de um líder  depende primeiro da sua credibilidade pessoal, da sua integridade, das histórias que ele construiu ao longo da sua vida, da sinceridade dos seus propósitos, das suas intenções. Mas, a dimensão pessoal sozinha não sustenta altos níveis de confiança. Ela precisa vir acompanhada de capacidade de realizar, de mobilizar, de entregar resultados.

E como construir confiança? Ao longo da minha carreira passei por crises econômicas, fusões, aquisições, reestruturações. Por isso, hoje me sinto confortável para enumerar habilidades que, ao meu ver, permitiram que alguns líderes construíssem um reservatório de confiança maior do que o dos outros e, consequentemente, conseguissem mobilizar e conduzir suas equipes e organizações com maior sucesso. Se eu pudesse dar algumas recomendações para líderes que querem construir ou fortalecer o seu grau de confiança dentro das organizações, eu me focaria em seis frentes:

  1. Ouça seus stakeholders: ouça seu time, seus clientes, seus fornecedores. Entenda suas “dores”, suas motivações, suas expectativas. Muitos insights importantes saem desses contatos. A pressão por ter sempre a resposta certa em prazos usualmente curtos pode dar ao líder a visão equivocada de que o seu papel é dar informação e não agregar informação. Opte sempre pela segunda opção.
  2. Comunique-se de forma clara, transparente e frequente: a comunicação é algo fundamental para se construir confiança. Um líder precisa comunicar de forma aberta sua missão, propósitos, expectativas e prioridades. Equipes que confiam em seus líderes e entendem seu papel dentro da organização costumam ser mais satisfeitas, mais produtivas e muito mais aptas a contribuir com ideias, melhorias e  resultados.
  3. Preocupe-se genuinamente com as pessoas: a conexão entre equipes e gestores traz altos níveis de engajamento. Quando as pessoas sabem que seus gestores se preocupam honestamente com elas e entendem seus interesses, elas tendem a confiar e apoiar a tomada de decisões.
  4. Seja consistente: lidere pelo exemplo. Confiança se constrói ouvindo, falando, fazendo perguntas, mas sobretudo “walking the talk”. Os líderes são avaliados não só pelo que eles fazem para ganhar confiança, mas também pelo esforço, sinceridade e consistência em mantê-la.
  5. Seja humilde e continue aprendendo: esteja sempre aberto a aprender. A habilidade de aprender é mais importante do que o pleno domínio de uma habilidade específica. A  arrogância do “tudo saber” não faz ninguém crescer. Há sempre o que aprender. Humildade traz humanidade e humanidade constrói confiança.
  6. Entregue resultados: de nada adianta ouvir, falar, se preocupar com as pessoas, se no final do dia você não entrega os resultados acordados. As pessoas confiam nos líderes que são capazes de fazê-las atingir e superar suas metas. Entregar resultados é crucial para se construir credibilidade e confiança.

Mas lembre-se: mais do que um objetivo a ser alcançado, confiança é algo que precisa ser constantemente avaliado, medido e aperfeiçoado. Leva-se tempo para construir confiança, mas bastam alguns minutos para perdê-la.