Por Guilherme Prado

Era um grande clube em um momento de baixa. Coisa comum atualmente. Ainda mais que, enfim, os maiores times do país deram uma parada na virada de mesa e aceitaram jogar a segunda divisão.

Na montagem do elenco, o treinador trouxe um atleta de confiança, que já havia trabalhado junto e com bom resultado. Era um nome contestado pela opinião pública, mas com orçamento baixo, foi o que deu pra contratar.

Sim, ele jogou bem de início. Conquistou vaga no time, a imprensa até deu trégua na críticas.

Até que errou feio em jogo importante. Clima pesou. Passou a não jogar bem e foi, pouco a pouco, perdendo espaço no time.

No final do ano, apesar do êxito coletivo, não foi uma grande temporada pro atleta e o contrato estava para se encerrar.

Como era uma figura extremamente carismática, cativante, começaram os pedidos para que o contrato fosse renovado. Apenas para ser o chamado “líder positivo” do vestiário.

Um tipo de jogadô que existe no imaginário popular. Aquele que é contratado para jogar, ganha bem, mas não tem condição técnica de atuar. Mas em compensação leva bom humor e positividade ao resto do grupo. Quase um animador de auditório.

Do porteiro ao presidente, era praticamente unânime o pedido para renovação. Apenas um nome foi contra: o treinador que o contratou.

A opinião do técnico era clara. “Todo mundo precisa ter função. A função do jogador é jogar. Jogador joga, treinador treina, assessora assessora. Quando a gente pensa em contratar alguém pra fazer uma função que não é aquela para que ele foi contratado, tem algo errado”

Não sei se existe outra receita. Nos meus 13 anos em clube, eu vi essa escolha e deu certo.

Mas cada um sabe onde lhe aperta o sapato.






Jornalista esportivo. Relações Públicas no setor de esportes, agenciamento de jogadores de futebol.