“O nosso mundo já não ouve Deus porque está sempre a falar”, já disse o cardeal Robert Sarah.

De acordo com Sarah, cardeal respeitadíssimo dentro da Igreja Católica, autor do “A Força do Silêncio: Contra a Ditadura do Ruído, as palavras, muitas vezes, trazem consigo a ilusão de transparência, como se nos permitissem entender tudo, controlar tudo, colocar tudo em ordem.

Para ele, a modernidade fala porque é orgulhosa, a menos que o contrário seja verdade. E lança a pergunta: “Será que a nossa conversa incessante é o que nos deixa orgulhosos?”.

Ele explica que os sons e as emoções nos separam de nós mesmos, enquanto o silêncio sempre força o homem a refletir sobre sua própria vida.

O cardeal acredita que os verdadeiros homens de Deus não temem a morte, porque estão esperando pelo céu.

Em seu livro, ele nos pergunta: O que significa ouvir o silêncio de Jesus e reconhecê-lo por seu silêncio? E ele mesmo responde dizendo que, pelos Evangelhos, Jesus costumava passar as noites a orar a sós, “sobre o monte”, em diálogo com o Pai.

“Sabemos que o seu falar, que a sua palavra provém da permanência no silêncio e que só no silêncio poderia amadurecer. É revelador, portanto, o fato de que a sua palavra só possa ser compreendida de modo justo quando se adentra também em seu silêncio; só se aprende a escutá-la a partir dessa sua permanênciano silêncio”, completa.

É claro que, para interpretar as palavras de Jesus, é necessária uma competência histórica que nos ensine a compreender o tempo e a linguagem da época. Mas isso por si só não basta para colher verdadeiramente, em toda a sua profundidade, a mensagem do Senhor. […]

Tudo isso é o que nos ensina o silêncio: amar e se abrir para o seu interior.

“Através do silêncio, retornamos à nossa origem celestial, onde não há nada além de calma, paz, repouso, contemplação silenciosa adoração da imagem radiante de Deus.”

Ele segue dando Jesus como exemplo de homem que, quanto mais calado ficava, mais poder sentia. Ele diz: “Cristo viveu trinta anos em silêncio. Então, durante sua vida pública, ele retirou-se para o deserto para ouvir e falar com seu pai. O mundo precisa vitalmente daqueles que vão para o deserto. Porque Deus fala em silêncio.”

O problema, segundo ele, é a nossa necessidade constante de falar:

“O nosso mundo já não ouve Deus porque está sempre a falar, a uma velocidade e a um volume devastadores, para não dizer nada.”

“A civilização moderna não sabe ficar quieta. É um monólogo interminável. A sociedade pós-moderna rejeita o passado e vê o presente como um objeto de consumo barato; retrata o futuro em termos de um progresso quase obsessivo. Seu sonho, que se tornou uma triste realidade, terá sido trancar o silêncio em uma masmorra escura e úmida. Assim, existe uma ditadura do discurso, uma ditadura da ênfase verbal. Neste teatro de sombras, nada resta senão uma ferida purulenta de palavras mecânicas, sem perspectiva, sem verdade e sem fundamento.”

Muitas vezes, a “verdade” nada mais é do que a criação pura e enganosa da mídia, corroborada por imagens e testemunhos fabricados. Quando isso acontece, a palavra de Deus desaparece, inacessível e inaudível.

E ele continua: “A pós-modernidade é uma ofensa e agressão contínuas contra o silêncio divino. De manhã à noite, de tarde a manhã, o silêncio não tem mais lugar; o barulho tenta impedir o próprio Deus de falar.

Nesse inferno de barulho, o homem se desintegra e se perde; ele está dividido em incontáveis ​​preocupações, fantasias e medos.

Para sair desses túneis deprimentes, ele espera desesperadamente o barulho para que ele lhe traga alguns consolos.

O ruído é um tranquilizante enganoso, viciante e falso.

Contextualizando o momento atual onde muito se fala, mas pouco se faz, o cardeal explica que a tragédia do nosso mundo nunca se resume melhor do que na fúria do barulho sem sentido que teimosamente odeia o silêncio.

“Esta era detesta as coisas que o silêncio nos traz: encontrar, maravilhar-se e ajoelhar-se diante de Deus.”

Para ele, a educação deveria ser pautada no silêncio, porém, mesmo nas escolas, o silêncio desapareceu. “Como alguém pode estudar em meio ao barulho? Como você pode ler com ruído? Como você pode treinar seu intelecto no ruído? Como você pode estruturar seu pensamento e os contornos de seu interior estando em ruído? Como você pode estar aberto ao mistério de Deus, aos valores espirituais e à nossa grandeza humana em contínua turbulência?, pergunta ele.

“O silêncio contemplativo é uma pequena chama frágil no meio de um oceano revolto. O fogo do silêncio é fraco porque incomoda um mundo agitado.”

Muitas vezes, o homem quieto é aquele que realiza as melhores coisas! Aprecie o seu silêncio!

*DA REDAÇÃO HP. Foto de Taras Chernus no Unsplash.


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