Viver em terra estrangeira por opção, para fazer um curso de línguas, conhecer outras culturas ou trabalhar já é uma experiência por si só desafiadora. Idioma diferente, valores e hábitos diferentes, clima e alimentação diferente. Passa-se por uma série de ajustes, até que a coisa se torne proveitosa verdadeiramente. Agora, imagine ir para outro país como refugiado. Além de enfrentar essas mesmas adversidades, eles precisam encarar uma epopeia legal para se manterem no país. Passaportes, vistos, permissão para trabalhar, moradia, etc. Famílias inteiras ou tristemente fracionadas por guerras e questões políticas chegam com uma mão na frente e outra atrás, em busca muitas vezes, da simples chance de sobrevivência.

Segundo dados divulgados pelo CONARE – o comitê nacional para os refugiados, no relatório “Refúgio em Números”, o Brasil reconheceu, até o final de 2017, um total de 10.145 refugiados de múltiplas nacionalidades. Até abril de 2016, haviam sido registrados 8.863 refugiados, vindos de 79 nacionalidades diferentes. Em 2015, em meio à crise que culminou na explosão dos números de imigrantes, foram registrados 28.670 pedidos de refúgio, especialmente de sírios, em todo o mundo. Quanto à distribuição geográfica dos refugiados, 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Os sírios são a maioria, compondo 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil.

Conhecida como um importante polo multicultural e gastronômico, São Paulo acaba sendo atrativa para os que decidem se aventurar nas cozinhas, salpicando em meio aos seus sabores, um pouco da própria cultura de origem. A culinária árabe e síria encontrou aqui terreno fértil para os refugiados, que acabaram incrementando nossas opções à mesa e aumentando suas chances da sonhada prosperidade.

Separamos aqui seis estabelecimentos de refugiados do Oriente Médio, com excelentes avaliações gastronômicas. Esfihas, charutinhos de uva, sobremesas típicas e muita história são garantia de satisfação aos que estiverem abertos a degustar paladares exóticos e dar aquela bem vinda força aos refugiados na Pauliceia. Confira aqui:

Talal Culinária Síria

Engenheiro de formação, o sírio Talal Al-tinawi chegou a São Paulo em 2013. Aqui, começou a vender quitutes sírios para ganhar a vida ao lado da mulher, Ghazal Baranbo. O casal fez tanto sucesso que a clientela se uniu em um projeto de crowdfunding para que pudessem abrir um restaurante. E funcionou! Abriram o Talal, no Jardim das Acácias, zona sul. Constam do menu tabules, esfihas, quibes e charutos. Há também um bufê aos domingos com direito a churrasco sírio. As sobremesas também são de dar água na boca. Entre as bebidas, destaque para a limonada, o chá e o café locais.

Talal Culinária Síria: Rua das Margaridas, 59, Jardim das Acácias. Telefone: 3360-2595. Pedidos por Whatsapp: 96622-1305. Horário de funcionamento: de terça a domingo das 7h às 22h.

Muradi Cozinha Árabe

A família Muradi veio de Damasco, capital da Síria, para São Paulo, onde em 2014, abriu um restaurante num pequeno vilarejo sírio em Santana, zona norte da cidade. A casa é simples, porém os pratos são sofisticados. Além a tradicional esfiha e do quibe, servem pratos como a kafta de forno. Molhos especiais e doces enriquecem também o cardápio. O local oferece serviço de delivery e ainda funciona como uma tabacaria.

Muradi Cozinha Árabe: Rua Salete, 243, Santana. Telefone: 96600-1088. Horário de funcionamento: de segunda a sábado (exceto sexta) das 12h às 20h. Sexta das 16h às 20h.

Ogarett

No bairro do Brás, tradicional reduto árabe da cidade, desde 2015 funciona o restaurante Ogarett. É ali que Eyad Abuharb Ogarett exerce seus dotes culinários. O restaurante tem como maior especialidade o shawarma, um tipo de espeto de carne ou frango envolto por em massa de pão sírio com legumes e outros acompanhamentos. Também faz sucesso o sujek, um sanduíche feito com carne picante.

Ogarett: Rua Doutor Ornelas, 150, Brás. Telefone: 95109-1040. Horário de funcionamento: de segunda a sábado das 9h às 20h.

Damascus

Said Mourad era médico na Síria. Aqui, em parceria com o filho e o genro, além de outros dois imigrantes sírios, abriu uma padaria no bairro de Pinheiros. Quando o local foi aberto, vendia apenas doces com ingredientes árabes. Hoje, servem almoço em estilo de bufê e um prato do dia. Tudo a preços honestos e sabores de tirar o chapéu.

Damascus: Rua Conego Eugênio Leite, 764, Pinheiros. Telefone: 98310-5607. Horário de funcionamento: de segunda a sábado das 8h às 23h. Domingo das 8h às 17h.

Muna Sabores e Memórias Árabes

A síria Muna Darweesh chegou ao Brasil há seis anos e oferece doces e salgados típicos por encomenda. O charuto de folha de uva é um dos pratos mais solicitados à Muna. Os pedidos podem ser feitos até mesmo pelo Whatsapp ou pela página da Muna no Facebook.

Muna Sabores e Memórias Árabes: Rua Climaco Barbosa, 500, Cambuci. Horário de funcionamento: consultar no telefone. Telefone: 95437-0682.

Al-Dirani

Desde 2016, o bairro da Pompéia atrai pessoas em busca das mais bem servidas esfihas da região. É lá que fica a casa do sírio Tamim Al-Dirani, que a intitula “O verdadeiro sabor do Oriente”. Tamim recheou o cardápio do lugar com o típico shawarma de frango, os quibes e bolinhos de falafel. Entre os doces, vale provar a esfiha de Nutella.

Al-Dirani: Avenida Pompéia, 1898, Pompéia. Telefones: (11) 2537-8816 e 98487-9244. Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 11h às 22h.

Você já prestigiou algum restaurante de refugiado? Conte aqui sua experiência!






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